Com o planeta Terra aquecendo a cada ano, a capacidade global instalada de resfriamento deve triplicar até 2050, em comparação com 2022. Essa é a principal conclusão do relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, que emitiu um alerta urgente nesta terça-feira, durante a COP30, em Belém, no Pará.
De acordo com o relatório, o gasto energético com refrigeradores no mundo pode ficar três vezes maior e chegar a 68 terawatts em 2050, caso o atual cenário de aquecimento global não seja revertido. É importante destacar que esse é o aumento potencial do setor, não o que de fato é consumido no mundo.
Apesar do crescimento no uso de ar-condicionado, quase 3 bilhões de pessoas no planeta ainda não devem ter acesso adequado ao resfriamento até a metade deste século. Por isso, o relatório enfatiza a necessidade de priorizar alternativas passivas de resfriamento, como como sombreamento, árvores urbanas, soluções regenerativas, ventilação natural, superfícies mais reflexivas, diminuindo o consumo de energia, com mais eficiência.
O Brasil, por exemplo, anfitrião da COP30, está incentivando uma campanha de implementação para combater o calor e superar as lacunas em financiamento, política, em níveis nacional e local. Trata-se de uma plataforma para soluções de resfriamento sustentável, para ajudar as prefeituras nas agendas locais.
Segundo o Secretário Nacional de Meio Ambiente Urbano, Adalberto Maluf, diferentes regiões do país tiveram crescimento de temperatura acima da média nos últimos anos:
“O Pantanal teve um aumento de 1,8 grau, levando ao menor nível de água superficial da história. Na Amazônia, em 2024, houve um aumento de 2,5 graus em algumas regiões, o que expandiu drasticamente os incêndios florestais, mesmo na floresta tropical que normalmente não queima”, disse.
A cidade de Barcarena, no Pará, com 140 mil habitantes, aderiu à plataforma de combate ao calor e percebeu avanços desde então. Quem garantiu foi o prefeito do município, Renato Ogawa, que participou do lançamento do relatório.
No mundo, 134 países já incorporaram o resfriamento em suas “Contribuições Nacionalmente Determinadas”, que são os planos de ação que cada país deve apresentar para cumprir o Acordo de Paris.
Apenas 54 possuem estruturas regulatórias completas: normas de construção de resfriamento passivo, padrões mínimos de desempenho energético e rápida transição de refrigeradores.
No Brasil, segundo o relatório, apenas um terço das escolas possui resfriamento. Em alguns estados, esse número cai para apenas 3% das escolas.


