Meio Ambiente

Encerramento da Cúpula dos Povos reforça demandas socioambientais

Encerramento da Cúpula dos Povos reforça demandas socioambientais


O presidente da COP30, André Corrêa do Lago, ao lado de ministros do governo federal, cada um segurando uma página da Declaração Final da Cúpula dos Povos, na cerimônia de encerramento do encontro neste domingo (16). Essa foi a imagem final do último dia de cúpula, realizada na Universidade Federal do Pará (Ufpa), às margens do rio Guamá, em Belém.

A Cúpula dos Povos, evento paralelo à COP30, contou com a participação de mais de 1,2 mil movimentos populares e organizações sociais do Brasil e mais de 60 países. Durante cinco dias, foram debatidas propostas para a crise climática e ambiental do ponto de vista social e dos povos originários, das juventudes periféricas, além dos trabalhadores.

O documento entregue para as autoridades aponta o modo de produção capitalista como a causa principal da crise climática crescente, e propõe um projeto político orientado pelo internacionalismo popular e pelo feminismo. As propostas rejeitam o que chamou de “falsas soluções de mercado”, e pedem o financiamento público e a taxação dos mais ricos. A declaração também pediu a proteção dos territórios indígenas e comunidades locais, a reforma agrária popular, entre outras demandas.

Peso da Cúpula dos Povos na Zona Azul

O presidente da COP agradeceu a participação e enfatizou que a entrega da carta fortalece o peso do Brasil na Zona Azul, onde ocorrem as negociações oficiais. Lago vai abrir a reunião de alto nível nesta segunda-feira (17) destacando a participação da sociedade civil representada pela cúpula.

“E isso fortalece de maneira incrível a posição do Brasil nessas negociações. É uma negociação super difícil, mas saber que a sociedade civil mundial tem voz em Belém é absolutamente sensacional. Por isso, eu agradeço a vocês esse trabalho que eu registrarei amanhã na abertura da reunião de alto nível que começa amanhã na COP.”

A ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, ressaltou o papel dos indígenas e quilombolas como maiores guardiões do meio ambiente e enfatizou o aumento no número de indígenas participantes na Zona Azul, chegando a 900 pessoas.

“Até a COP 15, nenhuma dessas vozes aqui estava sendo representada. Mas agora, dez anos após o Acordo de Paris, nós estamos aqui com a conferência do clima na Amazônia, para que nós possamos dizer que a Amazônia tem gente além das árvores. E que é essa gente que está cuidando, protegendo, muitas vezes com a própria vida.”

Além de ressaltar a importância da sociedade na COP30, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, leu uma carta escrita pelo presidente Lula, para encerramento da cúpula.

“Voltarei a Belém no dia 19 de novembro para encontrar o secretário-geral das Nações Unidas em uma função conjunta para fortalecer a governança do clima e o multilateralismo. Um grande abraço a todos e a todas. Muito obrigado, Luiz Inácio Lula da Silva.”

Já o secretário-geral da Presidência, Guilherme Boulos, respondeu a uma das demandas da cúpula, afirmando que não haverá implementação de projetos no rio Tapajós sem consulta aos povos da região.

“Criaremos na Secretaria-Geral da Presidência da República uma mesa de diálogo com todos esses povos para recebê-los em Brasília e construir a solução.”

Cúpula das Infâncias

Também foi entregue para as autoridades uma carta da “Cúpula das Infâncias”, com reivindicações de crianças e adolescentes, colhidas em evento simbólico paralelo à Cúpula dos Povos e também lida pelas crianças no encerramento, convocando os adultos para a ação.

“Os adultos devem fazer a sua parte, porque estamos fazendo a nossa.”

À tarde, no domingo, o tradicional “Banquetaço”, na Praça da República, marcou o fim das mobilizações e celebrou o encontro dos povos.

Neste domingo, 16, não houve eventos oficiais na Zona Azul, local de negociações da COP 30.


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