Uma auditoria da Controladoria-Geral da UniĆ£o (CGU) revelou que a maioria dos aposentados e pensionistasĀ do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) entrevistados pelo órgĆ£o desconheciaĀ as entidades que faziam descontos de mensalidades nĆ£o autorizados.Ā
O relatório faz parte da investigação da Operação Sem Desconto, da PolĆcia Federal, deflagrada na semana passada para combater descontos nĆ£o autorizados nos benefĆcios. Parte do segredo de JustiƧa da apuração foi derrubado nesta segunda-feira (28).
Entre os meses de abril e julho de 2024, a CGU realizou entrevistas, em todos os estados, com beneficiÔrios que possuem descontos em folha. Segundo o órgão, dos 1.273 entrevistados, apenas 52 deles confirmaram filiação às entidades, e somente 31 autorizaram os descontos.
Em outra amostragem, a CGU entrevistou 35 beneficiĆ”rios do INSS, no municĆpio de Raposa (MA), entre os dias 15 e 19 de abril do ano passado. A controladoria apontou que todos os entrevistados afirmaram que nĆ£o conhecem as associaƧƵes e nĆ£o autorizaram os descontos nos benefĆcios.
Mais cedo, outro documento liberado pela Justiça Federal mostrou que o INSS realizou a liberação de lotes de descontos de mensalidades associativas, medida apontada como irregular pela auditoria do próprio órgão.
A auditoria também estimou que, entre janeiro de 2023 e maio de 2024, o acordo firmado entre o INSS e as 11 entidades investigadas ao longo dos anos gerou desconto médio de R$ 39,74 de cada aposentado. Para os auditores, os descontos indevidos chegaram a R$ 45,5 milhões.
Outro lado
Procurado pela Agência Brasil, o INSS informou que não comenta decisões judiciais em andamento.
Em nota divulgada após a operação, o instituto declarou que, das 11 entidades investigadas, somente uma teve acordo assinado em 2023. Segundo órgĆ£o, “os descontos vinham ocorrendo em governos anteriores”.Ā
Suspensão
Logo após a deflagração da operação da PF, o INSS suspendeu todos os descontos oriundos dos acordos com as entidades. Para reaver o dinheiro retroativo aos anos anteriores, a Advocacia-Geral da UniĆ£o (AGU) montou um grupo para buscar a reparação dos prejuĆzos.
O governo informou que irÔ devolver na próxima folha de pagamento descontos referentes ao mês de abril.