PolĂ­tica

DenĂșncia contra Bolsonaro influencia projeto da anistia no Congresso

DenĂșncia contra Bolsonaro influencia projeto da anistia no Congresso


ApĂłs a denĂșncia da Procuradoria-Geral da RepĂșblica (PGR) contra Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado, os aliados do ex-presidente no Congresso Nacional intensificaram a articulação para pautar o projeto de lei que concede anistia aos golpistas condenados pelo 8 de janeiro, quando apoiadores do ex-presidente depredaram as sedes dos poderes, em BrasĂ­lia, exigindo um golpe militar no paĂ­s. 

Uma reunião entre Bolsonaro e parlamentares aliados ocorreu na manhã desta quarta-feira (19), na casa do líder da oposição Coronel Zucco (PL/RS), em Brasília, para debater a estratégia do grupo daqui para frente. 

JĂĄ os parlamentares que apoiam o governo do presidente Luiz InĂĄcio Lula da Silva acreditam que a denĂșncia Ă© um marco na defesa da democracia brasileira e contribui para barrar, de vez, o projeto de anistia. 

O deputado SĂłstenes Cavalcante (RJ), lĂ­der do PL na CĂąmara, partido de Bolsonaro, informou que eles estĂŁo contando os votos para pautar o tema na reuniĂŁo do colĂ©gio de lĂ­deres da CĂąmara, marcada para esta quinta-feira (20). SĂłstenes anunciou que serĂĄ pedido urgĂȘncia na tramitação do texto.

“Estamos contando votos [para aprovar a anistia]. Com relação Ă  denĂșncia de ontem [terça-feira], foi uma decisĂŁo absurda sem qualquer fundamentação e Ă© mais um capĂ­tulo da perseguição contra o maior presidente da histĂłria do Brasil”, disse SĂłstenes, acrescentando que os aliados de Bolsonaro jĂĄ estariam prĂłximos de alcançar os votos necessĂĄrios. 

Para que um projeto de lei seja pautado diretamente no plenårio da Casa, sem passar pelas comissÔes, é necessårio que tenha o apoio da maioria dos líderes partidårios. 

No ano passado, antes que a proposta fosse votada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), colegiado dominado por aliados do ex-presidente, o então presidente da Cùmara Arthur Lira (PP-AL) criou uma comissão especial para discutir o tema, mas o novo colegiado não chegou a ser instalado.

O presidente da Cùmara dos Deputados, Hugo Motta (MDB), tem sido pressionado para pautar o tema e, ao assumir a chefia da Casa, deu declaraçÔes defendendo que não teria havido tentativa de golpe e que não haveria um líder do movimento que culminou no 8 de janeiro.

A denĂșncia apresentada nesta terça-feira pelo procurador-geral da RepĂșblica, Paulo Gonet, contraria a afirmação de Motta, uma vez que acusa Bolsonaro de ser a liderança por trĂĄs da tentativa de golpe. 

No encontro desta quarta-feira de Jair Bolsonaro com aliados, o deputado Carlos Jordy (PL-RJ), ao sair da reuniĂŁo, informou que foi discutida a estratĂ©gia polĂ­tica do grupo para enfrentar a denĂșncia. 

“NĂŁo posso revelar a estratĂ©gia, porque ela perde a eficĂĄcia, mas o presidente Bolsonaro estĂĄ tranquilo porque sabe que tem a verdade ao nosso lado”, argumentou. 

O ex-presidente Bolsonaro deixou a reunião sem falar com a imprensa. 

Sem anistia 

O vice-lĂ­der do governo no Congresso, deputado Carlos Zarattini (PT-SP), disse Ă  AgĂȘncia Brasil que o projeto de anistia vai “morrer” no Congresso Nacional. 

“Dificultou muito essa ideia de anistia para os envolvidos no 8 de janeiro, porque estĂĄ evidente que existia um mapa do golpe, um roteiro do golpe. Esse roteiro era dirigido por Bolsonaro e sua corja encastelada no PalĂĄcio do Planalto. Evidentemente que ele vai ter direito de defesa, mas a situação ficou difĂ­cil para ele”, disse. 

Para o deputado RogĂ©rio Correia (PT-MG), no entanto, a denĂșncia Ă© consistente e o grupo de Bolsonaro deve ficar isolado no Parlamento sobre o tema da anistia. 

“As provas sĂŁo evidentes. NĂŁo adianta tentar anular o STF [Supremo Tribunal Federal]. Eles sabem que vĂŁo ficar isolados. Agora Ă© esperar a prisĂŁo e sem anistia”, defendeu o parlamentar. 

O lĂ­der do MDB no Senado, senador Eduardo Braga (MDB/AM), comentou que a denĂșncia mostra que as instituiçÔes estĂŁo funcionando. 

“A PGR está fazendo o seu papel, o Supremo vai fazer o seu, e a advocacia geral dos acusados fará o seu. E nós temos, com tranquilidade, que aguardar o julgamento”, afirmou.

 

*Colaborou Priscilla Mazenotti, da Rådio Nacional 

AGÊNCIA BRASIL